O que vivemos nos últimos dias, me fez lembrar um livro antigo do Saramago, “Ensaio sobre a cegueira”.
Uma cidade inteira é acometida por uma epidemia que provoca cegueira. O Governo precisa tomar medidas radicais e coloca todos em quarentena num antigo Galpão abandonado.
Ali, na pressão do desconhecido e na luta pela sobrevivência, as pessoas começam a revelar o que escondem nos porões de sua verdadeira identidade e passam a ter comportamentos extremos, regados pelos mais variados sentimentos: egoísmo, amor, traição, ganância, loucura, arrogância, solidariedade e desespero.
E é bem isso mesmo. Agora estamos sentindo na pele.
Essa crise, que estamos vivendo, obviamente muito distante da história relatada no livro, também potencializa o que há de pior e ao mesmo tempo o que há de melhor em nós!
Frente a uma situação de caos, aqueles que potencialmente são bons, altruístas, justos e generosos, se agigantam e se oferecem como uma doação ao mundo, ofertam o seu melhor, se posicionam como agentes do bem, se desdobram como podem e se importam de verdade.
Da mesma forma, aqueles que são potencialmente maus, conseguem ficar ainda piores, vomitam sua ganância ao vento, cultuam o próprio egoísmo, atiram pedras, pensam apenas em si mesmos, focam nos ganhos a qualquer custo e
no final, se mostram exatamente como são, sem remorsos ou arrependimentos.
É claro, isso não é de agora. É assim, a nossa história. A história da humanidade! Mas, agora a gente viu muito de perto. Espero que ainda dê tempo da gente aprender alguma coisa e tentar sair dessa, melhores do que entramos.
Caso contrário, não perderemos a batalha para o vírus, a perderemos para nós mesmos.
Força, Capelinha!
Aléquison Gomes
26/03/20